Sindspref participa de eleição sindical em Cajueiro

A diretoria do Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Maceió e Região Metropolitana do Estado de Alagoas (Sindspref) participou da eleição do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Cajueiro na sexta-feira (5), no Plenário Vereador Mário Ferro de Moura.

José Claudio obteve a maioria dos votos e foi eleito para a presidência do sindicato. De acordo com o presidente do Sindspref, Sidney Lopes, a importância dos sindicatos está na coletividade, na força da união dos trabalhadores para defender os seus interesses.

“Parabenizo José Claudio por conquistar a maioria dos votos e lhe desejo um mandato forte e representativo dos direitos dos servidores municipais de Cajueiro, principalmente neste momento difícil em que todos os servidores estão acumulando perdas salariais. Nunca se precisou tanto que os sindicatos e trabalhadores unam forças para lutar contra os retrocessos e as perseguições empreendidas pelo desgoverno Bolsonaro”, enfatizou.

Sindspref cobra resolução de pendências na Sudes

Sidney Lopes e Márcia Rejane se reuniram com o superintendente Ivens Peixoto

Denúncias de servidores públicos recebendo produtividade irregular, durante a gestão anterior na Prefeitura Municipal de Maceió, levaram o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Maceió e Região Metropolitana do Estado de Alagoas (Sindspref), Sidney Lopes, e a diretora do Sidspref, Márcia Rejane, a uma reunião com o superintendente Municipal de Desenvolvimento Sustentável (Sudes), Ivens Peixoto, na manhã desta quinta-feira (4), em Jaraguá.

Além de regularizar a produtividade dos trabalhadores, Sidney Lopes aproveitou a oportunidade para pedir a remuneração das horas extras, o estabelecimento de um calendário para o pagamento dos vales transportes, que estão sem data certa, e que as progressões por mérito dos servidores fossem avaliadas.

“A gestão anterior estava pagando produtividade só para quem queria, alguns nem mereciam. E quem merecia, não estava recebendo. Por isso solicitamos ao superintendente a reunião, que foi prontamente atendida e obtivemos um ótimo diálogo. Vamos acompanhar de perto o andamento das questões”, enfatizou Sidney Lopes.

Ivens Peixoto afirmou que um levantamento já estava sendo realizado para que as devidas providências fossem tomadas e agendou uma nova reunião daqui há 30 dias, para que o sindicato acompanhe a resolução das pendências.

Movimento sindical solicita reunião com prefeito de Maceió

“É importante abrir um diálogo sobre as pendências com os servidores municipais”, disse o presidente do Sindspref

Presidente do Sindspref, Sidney Lopes

O presidente do Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Maceió e Região Metropolitana do Estado de Alagoas (Sindspref), Sidney Lopes, se encontrou com os representantes sindicais do Movimento Unificado dos Servidores Públicos do Município de Maceió na quarta-feira (3) para protocolar as solicitações de reuniões, uma com o prefeito de Maceió, JHC, e outra com o presidente da Câmara Municipal de Maceió, Galba Netto.

O movimento sindical pretende debater as diversas demandas dos servidores públicos municipais de Maceió, que enfrentaram uma série de dificuldades na gestão anterior e acumulam perdas salariais e de benefícios há oito anos. Para Sidney Lopes o diálogo é fundamental.

“Durante a campanha eleitoral, JHC assinou uma carta-compromisso com os servidores públicos, por isso que é importante solicitar uma reunião com ele manter o bom relacionamento. A partir desta reunião vamos discutir as pendências com os trabalhadores e conhecer o planejamento do Executivo Municipal”, relatou o presidente do Sindspref.

De acordo com Sidney a reunião com o presidente da Casa Legislativa é primordial para promover uma abertura para diálogos sobre projetos de leis que sejam importantes para os trabalhadores.

Sindspref é contra a PEC 186

O Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Maceió e Região Metropolitana do Estado de Alagoas (Sindspref) vem a público se pronunciar contra a proposta de emenda à Constituição 186/2019, conhecida como PEC Emergencial, em tramitação no Senado Federal, e que deverá ser votada na próxima quinta-feira (25).

Se aprovada, um abismo de insegurança e retrocesso social estarão preparados para vir à tona com a retirada de dispositivos fundamentais da Constituição de 1988, que asseguram serviços básicos da saúde e da educação. A PEC Emergencial desvincula as receitas constitucionalmente destinadas a ações e serviços públicos de saúde (ASPS) e a manutenção e desenvolvimento do ensino (MDE).

 

Se aprovada, mais uma perseguição nítida e enfática do desgoverno Bolsonaro contra os servidores públicos estará em prática, pois a proposta autoriza a redução salarial e a jornada de trabalho em até 25% dos servidores públicos nas três esferas do governo, além de suspender progressões automáticas, aumentos salariais, auxílios, vantagens, benefícios e reestruturação de carreira.

 

O auxílio emergencial, necessário e essencial para milhões de famílias brasileiras subsistirem em um momento de crise derivada da falta de gestão pública no enfrentamento da pandemia do Covid-19, não deve ser compulsoriamente vinculado a perdas de direitos constitucionais.

 

Já perdemos muito! Não devemos nos calar diante de mais retiradas de direitos, principalmente quando estamos enfrentando não só uma pandemia, mas também um presidente fraco, inconsequente e impotente diante das crises, que gerou mais insegurança criando e agravando diversos problemas nacionais.

Sindspref pede agilidade nos processos de aposentadoria

Presidente e diretor do Sindspref estiveram em reunião com o diretor-presidente do Iprev Maceió para pedir celeridade nos processos de aposentadoria

Os servidores públicos municipais de Maceió procuram o auxílio do Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Maceió e Região Metropolitana do Estado de Alagoas (Sindspref) em diversas situações, uma delas é em relação a lentidão na conceção do benefício previdenciário de aposentadoria. Foi por isso, que o presidente do Sindspref, Sidney Lopes, e o diretor, Marcelo Brasileiro, se reuniram na manhã desta sexta-feira (19) com o diretor-presidente do Instituto de Previdência dos Servidores Públicos do Município de Maceió (Iprev), Adalberto Bandeira.

O diretor-presidente do Iprev informou, que os trabalhos para agilizar a aposentadoria dos trabalhadores estão em andamento, tendo em vista que existe a celebração de um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) com o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) para desburocratizar alguns documentos, como a emissão da Certidão de Tempo de Contribuição (CTC) e extratos previdenciários dos períodos de contribuições no INSS.

Para Sidney Lopes é muito importante que ocorra celeridade nos processos tanto por parte do Iprev quanto da Procuradoria Geral do Município (PGM). “Procuramos saber sobre a determinação do Iprev em relação aos processos de aposentadoria parados na PGM, pois é É injusto e indigno com o trabalhador esperar tanto tempo por este direito e ainda ficar em uma fila, sem tempo determinado para seu fim”, ressalta.

Sindspref inicia recesso de fim de ano no dia 18

O Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Maceió e Região Metropolitana do Estado de Alagoas (Sindspref) começa o recesso de final de ano na próxima sexta-feira (18) e vai até o dia 10 de janeiro de 2021.

O presidente do Sindspref, Sidney Lopes, anunciou que a tradicional festa de fim de ano teve que ser cancelada, por causa da pandemia do covid-19 que gerou o novo decreto de emergência do Governo de Alagoas, o qual proibiu a realização de eventos com mais de 300 pessoas e recomendou aos eventos menores, que estes sejam virtuais.

“O Governo de Alagoas publicou o decreto de emergência baseado nos crescentes casos do covid-19 e por isso tivemos que cancelar a nossa festa, mas o sorteio dos prêmios serão realizados em janeiro de forma virtual. Assim que retornamos do recesso iremos divulgar o dia e a hora”, explica Sidney.

Toda a diretoria do Sindspref deseja a todos e a todas muita saúde, paz e abundância nesse ano que se encerra.

Um golpe à Educação

A permanência do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), por meio da Emenda Constitucional (EC) 108/2020 possui a intenção de fornecer mais investimentos, melhores condições e valorizar as escolas públicas, os profissionais da educação pública e os estudantes, que dependem da rede pública de ensino.

O Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Maceió e Região Metropolitana do Estado de Alagoas (Sindspref), entende que o texto para a regulamentação do Fundeb, enviado para ser aprovado pelo Senado Federal, não será eficaz no combater às desigualdades sociais. Em vez disso, a bancada bolsonarista pauta uma agenda que promove as desigualdades oferecendo privilégios para os já privilegiados.

O novo texto que segue para aprovação, estende a distribuição dos recursos para escolas privadas, flexibiliza o teto para pagamento de salários e usa o Custo Aluno Qualidade (CAQ) e o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Sinaeb), como parâmetros para a divisão dos investimentos.

Dessa forma, o melhor sempre ganhará mais! As escolas que tiverem mais dificuldades, nunca terão uma oportunidade igual de ensino. Pedimos, que a regulamentação do Fundeb garanta igualdade de ensino e melhores investimentos para o setor público!

Segundo turno: Sindspref pede respeito e valorização para próximo gestor

Alfredo Gaspar ou JHC, maceioenses decidem próximo prefeito de Maceió amanhã

 

O segundo turno das eleições municipais acontece neste domingo (29), permanecendo em horário ampliado, entre 7h e 17h; sendo das 7h às 10h preferencial para pessoas acima de 60 anos. Em Maceió, a vaga de prefeito será decidida entre Alfredo Gaspar de Mendonça (MDB) ou João Henrique Caldas (PSB). O presidente do Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Maceió e Região Metropolitana do Estado de Alagoas (Sindspref), Sidney Lopes, pediu para que o próximo chefe do Executivo Municipal tenha maior respeito e valorização aos funcionários públicos.

“Rui Palmeira (PSDB) passou oito anos perseguindo o servidor, negando seus direitos trabalhistas e tentando retirar seus direitos, dizendo que o município não tem dinheiro para pagar o trabalhador. Ele está deixando um passivo enorme para a categoria, que acumula perdas salariais desde 2015. Por isso, pedimos que o próximo prefeito tenha respeito pelos seus funcionários, valorize quem trabalha nas escolas, nos postos de saúde, nas ruas, nas secretárias, em todos os setores do nosso município”, expõe.

A data-base do servidor público municipal de Maceió é em janeiro. Em 2020, antes de ser decretado a pandemia do covid-19 no Brasil e o Governo Federal estabelecer que os servidores não poderia receber aumento salarial o Sindspref enviou ofício formalizando a reposição salarial em 21,03%, percentual referente às perdas salariais de 2015, 2016, 2017, 2018 e 2019. Rui Palmeira negou esse direito, tentou implementar um pacote de maldades, segurou o pagamento do décimo terceiro salário do servidor e ainda fez o calote da previdência municipal.

“Todas essas situações concebidas pelo Rui Palmeira foram desnecessárias, deixando diversas questões pendentes para o próximo prefeito. Esperamos, que quem assumir a Prefeitura, realize uma auditoria em todas as secretarias para acabar com a história de culpar o servidor por tudo. Esperamos que o novo gestor cumpra o plano de cargos e carreiras, como as progressões por mérito e por titulação, que ele realize a reposição salarial anual, pague a insalubridade a quem deve receber, que pague o piso salarial nacional dos agentes de saúde e que nenhum servidor receba abaixo do salário mínimo”, reflete Sidney Lopes.

Foto: Pei Fon

“Precisamos de alguém a frente da Prefeitura de Maceió, que respeite a legislação municipal e valorize o funcionário público, que mantenha um diálogo aberto com os sindicatos, que são os representantes dos trabalhadores, pois somos essenciais para a prestação de serviços em todas as áreas da cidade e merecemos respeito”, finaliza o presidente do Sindspref.

20 de novembro: para além da história, uma data para reforçar a resistência e identidade negra

Dia Nacional da Consciência Negra foi escolhido em memória a Zumbi dos Palmares, símbolo da resistência negra ao período escravocrata

Por Vanessa Ataide/Ascom Adufal 

“Eu estava indo pegar um ônibus e meu amigo branco correu na minha frente. Eu tive que correr atrás dele, porque já tinha uma ronda no bairro na esquina olhando para gente. Eu gritei, mandando ele parar, porque um preto correndo atrás de um branco sempre soa suspeito”. O relato do profissional de Relações Públicas e social media, Alexssandro Souza, é apenas uma amostra do que é o racismo no Brasil e o reflexo de uma sociedade que, legalmente, pode ter abolido a escravização do povo negro, mas que ainda os mantém em condições subalternizadas.

As discussões acerca das condições de vida da população negra brasileira e o lugar que os negros ocupam na sociedade atualmente se tornam ainda mais frequentes no mês de novembro, devido ao Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado nesta sexta-feira (20).

“Uma data que marca o quanto a gente sofreu, o quanto ainda sofre e o quanto ainda temos que lutar para pelo menos tentar ter uma sociedade mais justa”. – Alexssandro Souza, profissional de Relações Públicas

A data possui uma série de significados e representações, principalmente a partir do olhar e da história do público a quem o dia se refere: o povo negro. Para a mestre, doutora e docente do curso de Serviço Social, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Marli de Araújo, o 20 de novembro representa a consciência histórica do povo negro.

“É uma consciência da ancestralidade não como pessoas escravizadas, mas como povo que teve sua liberdade sequestrada. Consciência de uma história e trajetória de lutas que me tornam o que sou em uma sociedade colonizadora”, afirmou ela.

O social media Alexssandro Souza, enxerga a data como um dia de luta e reflexão. “Um dia que representa a luta de uma ferida que, por mais que a gente tente curar e cicatrizar, ela aumenta com o dia a dia. Uma data que marca o quanto a gente sofreu, o quanto ainda sofre e o quanto ainda temos que lutar para pelo menos tentar ter uma sociedade mais justa”, avaliou ele.

A oficialização da data

O Dia Nacional da Consciência Negra foi escolhido em memória a Zumbi dos Palmares, símbolo da resistência negra ao período escravocrata no Brasil, assassinado em 20 de novembro de 1695, pelas tropas bandeirantes.

Zumbi foi líder do Quilombo dos Palmares, a maior comunidade quilombola brasileira e considerada uma das maiores da América Latina, situado na Serra da Barriga, no município de União dos Palmares, interior de Alagoas.

Apesar de ter sido incluído no calendário escolar nacional, em 2003, somente em 2011 o 20 de novembro foi instituído oficialmente pela lei federal 12.519, como o Dia Nacional da Consciência Negra.

“Ela [a data] é emblema da resistência, representa a constante batalha de nossa ancestralidade contra a opressão” – Professora Maria Aparecida Batista.

Para a professora e filósofa, Maria Aparecida Batista, especialista em Metodologia e Historiografia, mestra em História pela Ufal e ex-presidenta da Associação dos Docentes da Ufal (Adufal), essa data surge da força e das reinvindicações do movimento negro.

“É um chamamento ético, político e pedagógico, para o resgate da nossa história de luta em prol da liberdade, ela é emblema da resistência, representa a constante batalha de nossa ancestralidade contra a opressão, a barbárie, a violência a que foi submetida a população negra”, evidenciou a professora.

Os efeitos do racismo

De acordo com a professora Marli de Araújo, é necessário entender que o racismo é estruturante da formação social brasileira, nesse sentido, o enfrentamento do racismo pelo povo negro é histórico e permanente. “O combate ao racismo no cenário atual é primeiro o acúmulo da luta do povo negro dentro de um país racista. O Brasil assumiu que é uma país racista e esse é o ‘novo cenário’”, explicou ela.

O racismo se manifesta de diversas formas e está presente na dimensão social, econômica e política. Os rastros da perseguição ao povo negro são presenciados diariamente em qualquer lugar do Brasil. Os dados e estatísticas sobre violência, por exemplo, são a maior evidência disso, uma vez que colocam a população negra como alvo principal.

Segundo o Atlas da Violência 2020, divulgado no fim de agosto deste ano, os casos de homicídios de pessoas negras (pretas e pardas) no Brasil aumentaram 11,5% entre 2008 e 2018. Apenas em 2018, os negros representaram 75,7% das vítimas de todos os homicídios do país.

A perseguição à população negra não está apenas nas ruas, escancarada nos índices de violência. Está presente no olhar, na forma de agir e de falar. Para Alexssandro Souza, o racismo mudou grande parte de seus comportamentos. “Eu entro numa loja com amigos, eu tenho que sair como a notinha na mão. Eu evito entrar de bolsa e, se entrar com a bolsa, eu não abro, entro com o celular na mão, com carteira no bolso”, desabafou.

A professora Maria Aparecida, que também é uma das pioneiras no estudo de gênero e raça em Alagoas, descreveu algumas das consequências do racismo para o povo negro dentro da sociedade.

“Sinto no corpo e na alma os efeitos perversos que o racismo, presente no contexto da história brasileira, tem acarretado para povo negro, tais como exclusão de negros e negras da população economicamente ativa, falta de moradia digna, analfabetismo, extrema pobreza, maior índice populacional em situação prisional e extermínio da juventude negra”, lembrou a docente.

“A violência e a dor miram gênero e cor” – frase é referente à campanha “Assistentes Sociais em Combate ao Racismo” sobre as violências cometidas contra as mulheres negras

Falar sobre Consciência negra é, também, discutir sobre a resistência das mulheres negras à opressão ao povo negro que permanece até os dias atuais, principalmente quando essas mulheres são vítimas de pelo menos duas violências, a de cor e gênero. É uma discussão que tem sido cada vez mais presente no cotidiano, levantada pelo feminismo negro.

Segundo Marli de Araújo, que tem experiência de atuação no tema de violência doméstica contra mulheres e feminismos, a experiência histórica das mulheres negras é diferente.

“A luta das mulheres negras antecedeu o feminismo, mas se articulou a ele. Não é uma luta dissociada das relações de classe e das relações de gênero. É uma luta que mostra como o racismo faz parte dessas relações, de forma estrutural. Essa é a importância do feminismo negro para as futuras gerações”, finalizou a professora Marli.

Maria Aparecida relembra a fala Angela Davis, professora e filósofa estadunidense, ao dizer que: “Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela”. Para a docente, a sociedade tem testemunhado a grande capacidade de empoderamento, resiliência e resistência da mulher negra.

“Escriturada pelo desejo de liberdade de seu corpo, de sua sexualidade, de sua autonomia, de sua dignidade humana e de poder social; continuaremos em luta, pois vidas negras importam”, reforçou Maria Aparecida.

Desafios para uma sociedade antirracista

Relembrar e homenagear as lideranças da resistência negra à escravização fortalece as referências históricas da própria cultura, a trajetória do povo negro no Brasil, reforçando as lideranças atuais e, principalmente, é uma forma de combater e enfraquecer as práticas racistas e construir uma sociedade antirracista.

“Ser antirracista precisa estar no nosso cotidiano também. É, por exemplo, não pensar em pesquisadores e pesquisadoras negras apenas no 20 de novembro. É pensar as estruturas de classe, raça e gênero que funda nosso país. A consciência antirracista pressupõe pensar outro projeto societário em que a cor da pele dos seres humanos não seja elemento desumanizador”, disse a professora Marli de Araújo.

“É essencial pensar profundas mudanças nas relações, mas mudanças reais e não adequações à sociedade estruturalmente racista.” – Professora Marli de Araújo

Ainda de acordo com a doutora em Serviço Social, o maior desafio para a construção de uma sociedade antirracista é entender que o racismo é estrutural dessa sociedade.  “É essencial pensar profundas mudanças nas relações, mas mudanças reais e não adequações à sociedade estruturalmente racista. Uma sociedade antirracista não pode ser construída sobre bases racistas”, pontuou Marli.

“Todo dia a gente tem que mostrar que é capaz, que é fluente em alguma língua, que é bom em alguma coisa e os pretos não aguentam mais serem fortes todos os dias. Para o futuro, para os meus filhos, espero que a gente não tenha que mudar de calçada, que não tenha que sair com nota fiscal na mão. Espero que as pessoas entendam o que é ser racista, porque não basta não ser racista, é preciso ser antirracista”, declarou o profissional de Relações Públicas, Alexssandro Souza.

Segundo Maria Aparecida, o racismo está presente nos mecanismos da dominação e da violência, componentes ideológicos e políticos que permeiam o tecido social brasileiro. “Estamos com alegria vendo o afloramento da beleza da nossa negritude. É uma luta que deve ser constante em nosso cotidiano, pois consiste em nos fortalecermos e irmos além da nossa subjetividade, construindo novas pontes existenciais e nos posicionando sempre como sujeitos de direitos”, afirmou ela.

Como denunciar o crime de racismo

O racismo é crime no Brasil desde 1989, quando a Lei 7.716 foi sancionada. No entanto, é facilmente confundido com o crime de injúria racial. A professora de Direito e advogada criminalista, Synthya Maia, explica que enquanto o crime de injúria racial consiste em ofender a honra de alguém, usando a raça, cor, etnia, religião ou origem; o crime de racismo atinge uma coletividade indeterminada de indivíduos, discriminando toda a integralidade de uma raça.

“Com relação à denúncia, ambas podem ser feitas do mesmo jeito. Primeiro você pode ligar para a polícia militar, 190, ou o disque 100. A vítima pode ligar para o disque 100, por exemplo, caso sejam agressões verbal ou física, acontecendo naquele momento, no ato da denúncia”, esclareceu Synthya Maia.

De acordo com a profissional, o segundo passo para denunciar o crime de racismo ou injúria racial é registrar um boletim de ocorrência. “É importante que a vítima vá acompanhada de advogado ou advogada, porque pode ser um caso de racismo, em que o delegado queira colocar como injúria racial ou que ele entenda como injúria racial. Então, a presença de um advogado é necessária para isso, para tipificar corretamente o que de fato aconteceu”, comentou a advogada.

Synthya lembra que o boletim de ocorrência pode ser feito em uma delegacia comum ou especializada em crimes raciais e delitos de intolerância. “Quando for fazer o B.O. é muito importante que a vítima já leve testemunhas, gravações, documentos, tudo que ela achar que vai servir como prova sobre o que ela sofreu”, indicou a profissional.

Quando o crime de racismo ou injúria racial acontece na internet, há um mecanismo que pode facilitar na denúncia: o portal SaferNet.  “Quando uma pessoa o acessa e preenche o formulário informando que foi vítima de injúria racial ou racismo, ela já adiciona um print do que aconteceu, podendo adicionar o endereço da imagem ou do comentário. É muito importante registrar o ocorrido”, explicou a advogada.

Os profissionais da plataforma vão conseguir o rastreamento de informações relevantes que estejam disponíveis na internet quanto ao ocorrido. O próximo passo é identificar e analisar o conteúdo. “Quando se identifica o conteúdo, os profissionais rastreiam quais são as informações relevantes que estão disponíveis na internet e conseguem indícios de autoria”, disse Synthya.

Com esses dados apurados pela SaferNet, a vítima consegue produzir uma notícia crime, através de um advogado ou advogada. Essa notícia crime é baseada na legislação penal e processual. “Quando a vítima faz essa notícia crime, a partir da coleta dos dados da equipe da SaferNet, essa denúncia vai ser encaminhada às autoridades competentes, para proceder com a investigação policial”, continuou a advogada.

Synthya Maia chama atenção ainda sobre a conduta das pessoas diante de um crime de injúria racial ou racismo na internet. Segundo a profissional, não é recomendado compartilhar ou interagir com o conteúdo discriminatório como forma de denúncia.

“Quando você passa adiante, compartilha, mesmo com o propósito da denúncia, você está dando mais visibilidade ao agressor. E muitos agressores usam esse discurso de ódio para ganhar visibilidade. O mais importante é não dar visibilidade a esse tipo de conteúdo. Viu o conteúdo? Preenche no SaferNet ou leva em uma delegacia especializada em crimes virtuais”, alertou a advogada.