Mulheres vão trabalhar mais e ganhar menos com a reforma previdenciária de Bolsonaro
A mulher brasileira ganha em média 20,5% menos que o homem. As brasileiras são mais escolarizadas que os homens e mesmo assim possuem uma maior dificuldade para conseguir emprego. Em 2018, o valor médio da hora trabalhada foi de R$ 13 para as mulheres, enquanto que a hora trabalhada por um homem era de R$14,20. Em profissões predominantemente masculina, como engenheiros de minas, metalúrgicos e afins, a diferença salarial é exorbitante: enquanto que os homens recebem um salário médio de R$ 11.922,40, as mulheres recebem uma remuneração média de R$ 5 mil na mesma profissão.
Todos esses dados foram divulgados nesta sexta-feira (8), Dia Internacional da Mulher, no Estudo Especial sobre Diferenças no Rendimento do Trabalho de Mulheres e Homens nos Grupos Ocupacionais com base nas informações levantadas pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE ( Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Como podemos aceitar que as mulheres trabalhem em cargos iguais e ganhem bem menos que os homens? Que sejam mais especializadas e mesmo assim, ocupem cargos inferiores? Que as oportunidades entre homens e mulheres não sejam as mesmas? E que a reforma da previdência do Bolsonaro faça a mulher trabalhar mais e ganhar menos?
Estas questões foram abordadas por Sidney Lopes, presidente do Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Maceió e Região Metropolitana do Estado de Alagoas (Sindspref). Para ele a Proposta de Emenda Constitucional nº 06/2019, reforma da Previdência, entregue aos parlamentares pelo Governo Federal em 20 de fevereiro trás à tona a desigualdade de gênero. “Até na aposentadoria as mulheres terão o valor do benefício menor, mesmo trabalhando mais ou igual aos homens”, afirma Sidney Lopes.
“A mulher terá que contribuir por 40 anos para ter 100% do benefício, como os homens. A mulher só terá 3 anos de diferença dos homens para se aposentar por idade, que será aos aos 62 anos. O benefício da mulher será a média de todos os salários da vida profissional dela, assim como os homens. Para ser justo com as mulheres a reforma da previdência do governo Bolsonaro deveria considerar muitas questões em relação as mulheres brasileiras”, explica o presidente do Sindspref.
Em todo o mundo, o Dia Internacional da Mulher, é um momento de reflexão e protestos, por isso diante dos dados divulgados pelo IBGE e do texto da reforma previdenciária, Sidney Lopes explora as seguintes questões que devem ser analisadas pelos deputados e senadores antes de aprovarem o texto do presidente Jair Bolsonaro.
“Tenho mãe, esposa, irmãs e uma filha pequena, por isso não consigo aceitar que as mulheres trabalhem por mais horas e ganhe menos que os homens, como também não aceito que tenham cargos inferiores apesar de serem mais especializadas. A reforma previdenciária só irá reforçar ainda mais essa desigualdade. O governo deve levar em conta, que ao sair do trabalho a mulher continua trabalhando, pois, a responsabilidade sobre os filhos e a casa continua predominantemente dela. Além de tudo isso, deve considerar que fisicamente a mulher se cansa mais que o homem em uma jornada de trabalho de 8 horas e, que também com a chegada do envelhecimento, vem problemas de saúde, como a menopausa, que os homens não sofrem. Por isso, a média salarial, o tempo de contribuição e a idade para as mulheres deveriam ser melhores estudados por este governo que nos rege”, expõe Sidney Lopes, presidente do Sindspref.
A Proposta de Emenda Constitucional nº 06/2019 tem um longa tramitação pela frente com previsão de ser finalizada em setembro após as votações na Câmara dos Deputados, Senado e por fim com a sanção presidencial.